23 janeiro, 2008

O (A) Senhor(a) que se segue...


Em 2008, faz precisamente quatro anos que estive nos EUA. Também nessa altura se vivia uma acesa campanha eleitoral. Os adversários então escolhidos foram o já presidente George W. Bush pelos republicanos e o senador John Kerry, pelo Partido Democrata. Como me encontrava a residir na zona de New England, (historicamente conhecida pelo seu apoio às hostes democratas) o favorito era o democrata e marido da portuguesa Teresa Heinz. Raros eram os que não detestavam Bush e muito poucas eram as «pick up’s» que não ostentavam um autocolante com o animal símbolo do Partido Democrata (o Burro). Recordo que em Boston, capital do estado onde estudei, existia uma loja de «merchadising» de John Kerry. Quando lá entrei, fiquei impressionado com o conteúdo da mesma loja. A bem dizer, não havia objecto que não tivesse a cara ou uma cena da vida do candidato. Desde a tradicional t-shirt, até aos “ratos” de computador, passando pelas bases para copo e pelos relógios de parede, tudo retratava John Kerry, nas várias fases da sua vida.Perante tal cenário, sempre considerei a hipótese do senador Kerry poder vir a ser o escolhido do povo americano. Como eu, pensavam também muitos dos americanos com que falei durante a minha estada. Afinal, quase todos os americanos condenavam a Guerra no Iraque, poucos se conformavam com a fraca preparação do seu presidente, muito poucos gostavam do então vice-presidente Dick Cheney e outros tantos não estavam contentes com a forma como a economia americana perdia competitividade a nível mundial.Apesar de tudo, Bush foi reeleito e conseguiu, pelo menos nisso, superar o seu pai que tinha falhado a reeleição contra Bill Clinton.Actualmente, a questão é um pouco diferente. Ainda em tempo de “directas”, o povo americano confronta-se com o dilema de escolher o candidato dos dois principais partidos. Partindo do pressuposto de que o próximo presidente será democrata, (bem dita rotatividade!!!) resta saber qual dos três candidatos, desse partido, será o que melhor poderá representar o partido e que finalmente pudesse vir a ser o próximo “inquilino” da Casa Branca.Acontece que desses três, há dois que são candidatos atípicos, ou seja, são candidatos que transportam consigo alguma carga de excentricidade. Quando falo em excentricidade, leia-se que falo na perspectiva de que caso sejam eleitos, serão os primeiros entre os seus pares a serem eleitos. Obama é negro, se ganhar será o primeiro afro-americano a ser presidente dos EUA. (caso concorresse às eleições presidenciais no Quénia, seria o primeiro presidente branco). Hilary é mulher e ainda ex-primeira dama, caso ganhe as eleições será a primeira a conseguir ser presidente. Ora bem, estas condições/características/realidades não poderão nunca, ser um pretexto suficiente para que se ganhe uma eleição, quaisquer que elas sejam.A discriminação é sempre um fenómeno negativo e prejudicial, seja ela negativa ou positiva e seria no mínimo redutor, beneficiar um dos dois candidatos com base nessa mesma discriminação.Para o mundo, o melhor seria que ganhasse o candidato que mais garantias dê poder vir a recuperar a economia americana e dessa forma interromper a crise financeira internacional. Seria melhor que ganhasse o candidato que terminasse de vez com a intervenção militar no Iraque, mas não de forma irresponsável. Seria ,melhor que ganhasse o candidato capaz de ter uma política internacional que se imponha pelo seu bom senso e sentido de resolução prática dos problemas que a todos afectam e não pelo simples uso da força.A bem deles e de todos nós, que ganhe realmente o MELHOR!!!


Publicado hoje no jornal "O Primeiro de Janeiro".

1 comentário:

Anónimo disse...

Ma Si Ka

Parabéns pelo artigo no Jornal, posta e pela actualidade do mesmo.

Acredita que serviu para comentário na hora de almoço, cá entre os assíduos do jornal, das quartas feiras.

M.Z.