06 outubro, 2010

100 anos de República


De há umas semanas a esta parte, resolvi proporcionar a mim próprio o prazer de receber em casa o jornal “Expresso”. É certo que a edição chega sempre com uns dias de atrasado mas o prazer de folhear um jornal “dos nossos” funciona como uma espécie de elixir contra os efeitos da distância que me separa de Portugal.

Como não poderia deixar de ser, dada a importância e a proximidade da efeméride, a revista do último Expresso inclui várias reportagens sobre os 100 anos da República Portuguesa.


A páginas tantas, pergunta-se a uma série de entrevistados se são a favor da Monarquia ou da República. Obviamente que as opiniões divergem e são os argumentos dos monárquicos que me deixam absolutamente estarrecido.
Será que ainda não se percebeu que a única diferença que se discute é a eleição (ou não) do Presidente da República e que consequentemente o que está em causa são os poderes que lhe são conferidos pela constituição.

Qual será portanto a vantagem de sustentar uma família real para ter alguém que desempenhe as “funções de Presidente da República” durante décadas? Será que há alguma?

A maior parte diz que o rei, sendo criado desde a nascença para ser chefe de estado, está necessariamente mais bem preparado do que o “comum dos mortais” que o insolente do Povo decidiu eleger Presidente da República. (Exemplos disso serão certamente os príncipes do Mónaco, ou até os membros da família real Inglesa que amiúde nos brindam com a excelência dos seus comportamentos).

Depois há também quem diga que as monarquias são países mais desenvolvidos. Outro argumento perfeitamente demagogo. Não será certamente pela acção de Isabel II que a Inglaterra é um país mais evoluído que Portugal, nem foi, por certo, pelos conhecimentos macro económicos de Juan Carlos que a Espanha alcançou o crescimento económico dos anos 90. O mesmo se passa com a generalidade das outras monarquias europeias e mundiais.

Para além disso, há ainda os exemplos dos países republicanos que integram o G8 - EUA, Alemanha, França e Russia, que não sendo monarquias não deixam de constituir uma maioria no grupo dos mais desenvolvidos economicamente.

A mim ninguém ainda ninguém me convenceu que a monarquia enquanto sistema é mais justo, mais democrático e menos falível que a República. Pelo contrário, parece-me que a hereditariedade do poder não é mais do que uma descarada violação do princípio da igualdade que não permite a qualquer um ser chefe de estado do seu país.

É certo que a República também nos impinge os “Mário Soares” desta vida, mas isso é uma espécie de preço a pagar pela veleidade de permitir a todos sem excepção, a possibilidades de virem a ser chefes de estado do seu país.


P.S. Em Macau afinal também há cobardes que na penumbra da noite se infiltram nas instalações das instituições da República e decidem substituir a bandeira nacional por uma bandeira monárquica. Eu sabia o que lhe fazia!!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Assino por baixo na integra, mais uma vez!

Abraço

BBAM