19 março, 2007

Caro Irmão BBAM


Em primeiro lugar, gostaria de te felicitar pela pertinência e pela actualidade da questão aqui levantada por Ti.

O problema que nos trouxeste levanta quanto a mim, duas questões fundamentais, em primeiro lugar surge a perda de importância de Portugal face a Espanha, e um segundo, este bem mais grave, a perda de importância da Região Norte, dentro o panorama nacional.

Quanto ao primeiro, acho que é um facto que pode ser dado como adquirido, dificilmente conseguiremos acompanhar a Espanha. No entanto, se pensarmos bem, isso também será uma tarefa ingrata, inglória e até, quanto a mim, impossível. Espanha possuí um território muito maior que o nosso e tem mais do quádruplo dos habitantes de Portugal. Ora, esta diferença resultará sempre numa superioridade que se consubstancia naturalmente nas finanças, na economia e na sociedade.(Perdoem-me mas vou escusar-me a proferir mais considerandos sobre esta matéria, por pensar não ser esta a questão central do artigo).

Já a segunda questão, é como já disse bem mais grave.
Ao longo dos últimos anos, multipliquei a participação em conferências e palestras acerca deste assunto. Acho que a perda de poder da região Norte é quase uma espécie de Crónica de uma ‘’morte’’ anunciada. Acontece que este governo, desde que assumiu o poder tem primado pela retirada não só de benefícios, como das infra-estruturas necessárias para a sobrevivência do Norte do País.
Comecemos então pela Capital do Norte e segunda cidade do País, a cidade do Porto. Nos últimos dois anos, o Porto viu um dos seus principais projectos, o do Metro. (responsável pela diminuição do atraso estrutural, no que respeita à mobilidade, das populações da zona metropolitana), não só abrandar como também retroceder face aos planos/projectos já anteriormente aprovados. Não se percebe o porquê desta decisão uma vez que o investimento efectuado dependia exclusivamente dos fundos comunitários que se encontravam já destinados à execução daquela que era, a maior obra pública da Europa.
Outra questão complicada, é a do desaparecimento da unidade de pediátrica de Saúde do Hospital Maria Pia. Este Hospital Central de Crianças vai desaparecer em breve, sem que esteja programada a construção de um novo Hospital que o substitua. Refira-se que, o Hospital Maria Pia, é o único Hospital Pediátrico Especializado, do Norte do país. Com funções semelhantes existem apenas mais dois no país, um em Coimbra e o outro em Lisboa. Sem uma unidade deste tipo, o Norte fica amputado de uma unidade criada de raiz ,com capacidade para tratar exclusivamente das patologias mais graves das suas crianças
No mesmo sentido, foi a decisão de retirada à cidade Invicta da sede de um importante instituto Português que impulsionava o investimento estrangeiro em Portugal.
Quanto ao restante Norte, são já por todos demais conhecidos os vergonhosos encerramentos de serviços Hospitalares, a não existência de um único km de auto-estrada no distrito de Bragança, a vontade de encerramento de algumas emblemáticas linhas de caminho de Ferro, os crescentes cortes de subsídios aos Agricultores, a cobrança de Portagens em vias estruturais que não conhecem nenhuma outra alternativa gratuita, etc.

A escolha da cidade que deveria sediar a sede da EU para a cooperação Hispano Lusa, uma vez que não ficaria sediada em Portugal, só poderia ficar sediada no Norte de Espanha.
Aliás não se percebe que o governo insista numa ligação entre Lisboa e Vigo por TGV, quando também colabora na retirada de poderes aquela cidade/região espanholas e em consequência ao Norte de Portugal.
Por certo que a região Norte de Portugal aliada à região da Galiza iriam constituir uma importante força de bloqueio nas decisões centralistas de ambos os governos da Península, por isso houve a necessidade de se eliminar essa que poderia ser uma ameaça latente.
Quanto a mim, a retirada da sede a organização à cidade Galega de Vigo, constitui um grande revés para a prespectiva do estreitamento das relações hispano-lusas. Mais uma vez o Norte saiu prejudicado, pena que uma grande quota-parte da culpa seja atribuída aos nossos Governantes.

Resta-nos por agora a satisfção, de o Vinho ainda se chamar ''do Porto'', de o berço da nacionalidade ainda ser Guimarães, das alheiras ainda serem de Mirandela....Ah é verdade, o FCP também é o maior.

Abraço

Ma Si Ka

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