Já tenho dado por mim a concluir que a maior parte das notícias que recebo de Portugal não são positivas. Desta vez, foram as chuvas que motivaram a minha preocupação e angústia.O Dilúvio que atingiu a região centro-sul do nosso país, com particular incidência na zona metropolitana de Lisboa foi responsável pela morte de pessoas, destruição do património de várias famílias, comerciantes e empresários, e ainda, pelo corte de uma das principais vias rodoviárias de Lisboa.
Os danos causados levam a concluir que aquela região do país, não se encontrava preparada paras as tradicionais chuvas de Inverno. Acontece que desde o Império Romano que as Estações foram baptizadas como Primavera, Verão, Outono e Inverno. Os nomes derivam do latim Primo Vere, que significa “no começo do Verão”, Veranum, Autumno e Hybernus. Durante o Inverno é comum que existam inundações, derivadas da conjugação entre uma pluviosidade acentuada e a subida das marés e dos caudais dos Rios. Por este facto, não consigo compreender porque razão somos anualmente“surpreendidos” pelo comportamento da natureza.Apesar de o elemento causador da destruição, no caso das chuvas, estar nos antípodas daquele que motiva os (tristemente habituais) incêndios de Estio, acabo por considerar que existe um certo paralelismo entre os estragos provocados pelos dois elementos da Natureza.
Na verdade, a passividade e a omissão das políticas de combate aos incêndios e de ordenamento florestal, que anualmente assolam o interior do País, tornando as nossas frondosas florestas em áridas paisagens lunares, é a mesma que leva os municípios das zonas ribeirinhas do país, a não ter um plano eficaz de manutenção das condutas das águas pluviais e que consequentemente, permita fazer frente a um fenómeno natural de normal e previsível dimensão.Se o combate aos incêndios passa pelo patrulhamento e pela limpeza das matas, o “combate” às cheias, faz-se em primeiro lugar pela identificação e classificação dos locais denominados como leitos de cheia proibindo neles a sua edificação (o que já existe), depois há que zelar pela conservação e manutenção das condutas de saneamento que irão receber as águas vindas das chuvas, por último há que impedir (cumprindo e fazendo cumprir a legislação em vigor) a excessiva impermeabilização dos terrenos.A solução é por demais evidente e está ao alcance de todas as autarquias atingidas. Num momento em que se fala no excesso de funcionários do poder local, não se percebe como poderá ter existido tamanha passividade por parte dos serviços camarários que tutelam a limpeza da via pública. Com certeza que não será por falta de meios (humanos) que as sarjetas da 2ª Circular não foram convenientemente limpas!!!Durante o Verão é comum ouvir o Povo dizer que o combate aos incêndios e a limpeza das matas deveria ser feita pelo exército e pelos presos do nosso País. Se no caso do exército, é normal que os batalhões sejam chamados na ajuda aos Bombeiros no combate aos fogos, já os detidos em estabelecimentos prisionais, poderiam ver-se ocupados, nos períodos que antecedem as épocas críticas, com a limpeza das matas e, porque não, com a limpeza das condutas pluviais do nosso país.
Certo de que esta questão poderá revelar-se polémica, informo o leitor que esta proposta contemplaria sempre a “justa” remuneração pelo trabalho prestado por aquele que se encontram encarcerados e que na minha opinião seria acima de tudo um importante serviço público que era prestado à Nação.
in Jornal "O Primeiro de Janeiro" dia 26 de Fevereiro de 2008
1 comentário:
Depois de ler esta posta, não pude deixar de comprar o jornal Primeiro de Janeiro.
Tenho igualmente a opinião de que todas as áreas circundantes da concelhia e distrital de Lisboa, deveriam ser intervencionadas, na defesa da protecção civil e património pessoal e colectivo, trazendo uma nova leitura no Plano de Pormrnor de Urbanização estrutural.
Elaborar um mapa para a Baixa Pombalina e estabelecer medidas preventivas, que revertessem as ameaças de acidentes naturais (chuvas, tremores de terra e fogo)terá que ter o empenhamento do pelouro do Urbanismo, como de todo o contencioso camarário, a fim de que o receio das gentes atingidas, seja sustentado, bem como as respectivas condições necessárias de apoio aos que se encontram nesta situação.
lisboeta
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